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segunda-feira, 23 de maio de 2016

É já a última hora!

"Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo também agora muitos se têm feito anticristos; por onde conhecemos que é já a última hora" (I JO 2:18).
   A primeira carta de João foi escrita com o propósito de alertar acerca dos falsos ensinamentos que estavam permeando a igreja naqueles dias. Embora em nenhum momento cite o nome do apóstolo João, há um consenso geral na credibilidade de sua autoria. A carta foi escrita por volta do ano 90 d.C. e era direcionada às igrejas do primeiro século. 
   O gnosticismo estava começando a ter proeminência naquele período. Segundo o gnosticismo a matéria é essencialmente má, e o espírito essencialmente bom. Como o corpo é matéria, não podia ser bom, o que resultava na crença de que Jesus não havia se manifestado em carne. Surge daí duas condutas em relação ao corpo: 

ASCETISMOdoutrina filosófica que defende a abstenção dos prazeres físicos e psicológicos, acreditando ser o caminho para atingir a perfeição e equilíbrio moral e espiritual (Significados); 
 LIBERTINAGEM - privilégio da liberdade desenfreada. 

João afirma a tal respeito: "Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo" (I Jo 4:2,3).
   O propósito do agnosticismo é a libertação da matéria que pode ser alcançado através de um saber mágico, um conhecimento transcedental (a gnose). Como a partícula divina já está aprisionada no homem, nenhuma atitude sua poderia melhorar ou piorar sua natureza, o que se requer é a liberação dessa partícula através da aniquilação da matéria. Todavia, a Bíblia deixa bem claro que o corpo também será salvo, o homem é um ser completo e será salvo por completo (I Co 15). 
   É com o propósito de combater tais heresias que João escreve sua epístola.
   No capítulo 2, ele faz um alerta acerca da proximidade do fim. A mensagem era tão urgente que João a declara duas vezes no mesmo versículo: "É já a última hora" (I Jo 2:18). Paulo em sua carta aos romanos alerta que: "[...]porque agora a nossa salvação está mais próxima do que quando cremos" (Rm 13:11b).
   Naqueles dias muitos falsos mestres se levantavam trazendo um ensino contrário às escrituras e João os chama de anticristos, opositores da verdade. Nos dias atuais não é muito diferente, todos os dias vemos novas heresias surgindo no seio da igreja e muitos se têm deixado seduzir por esse falsos ensinos visando alcançar benefícios materiais. É preciso muito cuidado para não cair em engodos que só levam ao afastamento da verdade bíblica: "Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente" (Ef 4:14). Faz parte do processo de amadurecimento cristão buscar conhecer a palavra de Deus para não ser levado ao erro. A Bíblia deixa bem claro que a manifestação do Espírito é dada para o que for útil: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil" (I Co12:7). E podemos ter certeza de que engrandecer nome de homens, nomes de denominações, de organizações ou qualquer outra coisa que seja, em substituição à honra devida ao Senhor não é uma das utilidades da manifestação do Espírito Santo. Deus não divide a sua glória com ninguém:"Eu sou o Senhor; este é o meu nome, a minha glória, pois, a outrem não darei" (Is 42:8 b).
   Os falsos mestres apostataram da fé. João afirma que: "Saíram de nós, mas não eram de nós" (I Jo 2:19). Eles fizeram parte da igreja, mas foram levados pelo engano e se desviaram proclamando um ensino totalmente oposto à Palavra de Deus. Afirmavam serem possuidores do conhecimento (gnose) que os libertaria. João se contrapõe a essa afirmação declarando que os que pertencem a Deus têm o espírito Santo que revela a verdade: "E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas" (I Jo 2:20; 27). Essa afirmação de João é bastante interessante, pois o véu foi rasgado e nos foi concedido acesso direto ao Pai. Temos o Espírito Santo para nos guiar a toda verdade espiritual, não precisamos recorrer a 'gurus espirituais' a fim de que nos deem alguma revelação secreta da parte de Deus. Toda a revelação de que precisamos já está contida na Palavra, ao nosso alcance. O problema é que, em alguns casos, há um certo comodismo em buscar respostas prontas ao invés de beber da própria fonte que são as Escrituras sagradas. É mais fácil ir em busca de uma 'profetada' do que buscar a Deus em oração, jejum e meditação na sua poderosa palavra.
   João alerta também para a necessidade de se estar alicerçado nos fundamentos cristãos: "Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai" (I Jo 2:24). Essa é uma condição para permanecer em cristo e significa permanecer unido no coração, no pensamento e na vontade. Jesus também avisou sobre o perigo de olhar para o passado da existência com saudade, abandonando a graça: "Ninguém que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus" (Lc 9:62).
   A promessa que o Senhor Jesus nos fez foi a vida eterna: "E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna" (I Jo 2:25). Estamos vivendo uma época em que se promete tudo em algumas das grandes reuniões ditas cristãs, menos a salvação, menos um relacionamento pessoal com Deus.
. Casa, carro, prosperidade financeira, curas de doenças, vitórias e conquistas, afinal o crente não pode perder nunca segundo tais doutrinas. Não quero dizer que Deus não possa fazer essas coisas e nem que, a exemplo dos ascetas, temos que amar o sofrimento. Não é nada disso. É louvável conquistar as coisas com o fruto do nosso trabalho ajudados por Deus. É louvável buscar viver uma vida confortável. Mas essas coisas são passageiras, não são a prioridade de Deus na vida do ser humano. O desejo de Deus é que seus filhos cheguem ao conhecimento da verdade: "o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (I Tm2:4). O crente passa sim por provações e dificuldades, mas há promessa da manifestação da glória de Deus em sua vida: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem, porque as que se vêem são temporais, mas as que não se vêem são eternas" (II Co 4:17-18).
   João termina o capítulo 2 de sua epístola com uma afirmação poderosa: "Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido de Deus" (I Jo 2:29). Não é possível uma árvore boa dar frutos ruins e vice versa. Quem é de Deus deve andar como Jesus andou (I Jo 2:6). Não há como ser de Cristo e viver uma vida de injustiça, mentiras e desonestidade. No Brasil existe a cultura do 'se dar bem', do famoso 'jeitinho brasileiro', onde o que se leva em consideração é a vantagem que se pode tirar das situações e não o valor ético das atitudes. Independente das vantagens que nos sejam apresentadas em uma situação onde alguém seja prejudicado, onde a mentira prevaleça, onde haja corrupção e desonestidade, é preciso uma conduta condizente com a palavra de Deus. O verdadeiro arrependimento produz frutos dignos: "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento" (Lc 3:8 a). E essa produção de bons frutos não é mero esforço pessoal, é obra sobrenatural do Espírito Santo.

   Que possamos entender que o surgimento de falsos ensinos é um dos sinais da proximidade da volta de Cristo (Mt 24:11), e que procuremos estar sempre prontos para esse grande evento: "Vigiai, pois, em todo o tempo, orando para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar de pé diante do Filho do homem" (Lc 21:36).


Paz e até.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Verdade versus tolerância

   E cá estou eu de volta. Durante muito tempo fiquei sem postar nada e, nesse período, confesso que pensei várias vezes em excluir esse blog. Mas acabava sempre deixando, deixando e deixando. Havia (e ainda há) sempre tantas coisas para fazer que eu acabava não postando nada. Mas hoje decidi vir aqui, mesmo com tantos afazeres. E como primeiro post depois de um longo período, quero trazer o trecho de um livro que estou lendo atualmente: "Não tenho fé suficiente para ser ateu". O trecho que trago tem como título: Verdade versus tolerância. Acho muito oportuno esse assunto, pois, nos dias atuais fala-se muito em tolerância, mas não no sentido de respeitar crenças opostas e sim no sentido de aceitar como verdadeiras todas as crenças. Bom, respeitar quem acredita em algo diferente é totalmente possível, mas acreditar que todos os sistemas de crença são verdadeiros...isso não é possível. Vejamos o que Norman Geisler e Frank Turek dizem a respeito:


Verdade versus tolerância

  "Enquanto a maioria das religiões tem algumas crenças que são verdadeiras, nem todas as crenças religiosas podem ser verdadeiras porque elas são mutuamente excludentes, ou seja, ensinam coisas opostas. Em outras palavras, algumas crenças religiosas devem estar erradas. Mas não é conveniente dizer isso no mundo atual. Você deve ser "tolerante" com todas as crenças religiosas. Em nossa cultura atual, a tolerância não significa mais suportar alguma coisa que você acha que é falsa (além do mais, você não tolera coisas com as quais concorda). Hoje em dia, tolerância significa aceitar que toda a crença é verdadeira! Em um contexto religioso, isso é conhecido como pluralismo religioso - a crença de que todas as religiões são verdadeiras. Existe um grande número de problemas com essa nova definição de tolerância.
   Em primeiro lugar, digamos que somos gratos por termos liberdade religiosa em nosso país e que não acreditamos na imposição legislativa e uma religião (consulte nosso livro Legislating Morality [Legislando sobre a moralidade]). Estamos bastante  conscientes dos perigos da intolerância religiosa e acreditamos que devemos respeitar as pessoas que têm diferentes crenças. Mas isso não significa que devamos abraçar pessoalmente a impossível noção de que todas as crenças religiosas sejam verdadeiras. Uma vez que crenças religiosas mutuamente excludentes não podem ser verdadeiras, não faz sentido fingir que sejam. O fato é que, no nível individual, pode ser muito perigoso fazer isso. Se o cristianismo é verdadeiro, então não ser cristão é arriscar seu destino eterno. Do mesmo modo, se o islã é verdadeiro, então é perigoso não ser muçulmano se o assunto é o seu destino final.
   Em segundo lugar, a afirmação de que "você não deve questionar as crenças religiosas de uma pessoa" é, ela própria, uma crença religiosa para o pluralista. Mas essa crença é apenas tão exclusiva e "intolerante" como qualquer outra crença religiosa de um cristão ou de um muçulmano. Em outras palavras , os pluralistas acham que as crenças não pluralistas estão erradas. Desse modo , os pluralistas são tão dogmáticos e possuem uma mente fechada tanto quanto qualquer outra pessoa que faz declarações em praça pública. Eles querem que todo mundo que discorda deles veja as coisas da maneira deles.
   Em terceiro lugar, a proibição contra o questionamento das crenças religiosas também é uma posição moral absoluta. Por que não devemos questionar as crenças religiosas? Seria imoral fazer isso? Se é, em quais padrões estamos nos baseando? Por acaso os moralistas têm alguma boa razão que apóie sua crença de que nós não devemos questionar suas crenças religiosas, ou é apenas sua opinião pessoal que querem impor sobre todos nós ? A não ser que eles possam nos dar boas razões para tal padrão moral , por que deveríamos permitir que o impusessem sobre nós ? E por que os pluralistas estão tentando impor essa posição moral sobre nós de qualquer maneira ? Isso não é muito " tolerante " da parte deles.
   Em quarto lugar, a Bíblia ordena aos cristãos que questionem as crenças religiosas (e.g., Dt 13.1-5; lJo 4.1; GI1.8; 2Co 11.13 etc.). Uma vez que os cristãos têm uma crença religiosa que diz que devem questionar as crenças religiosas, então os pluralistas - de acordo com seu próprio padrão - deveriam aceitar a crença cristã também . Mas, naturalmente , não fazem isso. Ironicamente, os pluralistas - defensores da nova tolerância - não são nem um pouco tolerantes. Eles apenas "toleram" aqueles com os quais já concordam, o que , por definição, não é tolerância .
   Em quinto lugar, a afirmação dos pluralistas de que não devemos questionar as crenças religiosas é um derivativo da falsa proibição cultural em relação a se fazer julgamentos. A proibição contra julgamentos é falsa porque ela não satisfaz o seu próprio padrão: "Você não deve julgar" é, em si mesmo , um julgamento! (Os pluralistas interpretam erradamente a ordem de Jesus quanto a não julgar, conforme apresentada em Mateus 7.1-5. Jesus não proibiu um julgamento como esse , mas sim o julgamento hipócrita.) O fato é que todo mundo - pluralistas, cristãos , ateus, agnósticos - faz julgamentos . Portanto , a questão não é se fazemos ou não julgamentos, mas se fazemos ou não o julgamento correto .
   Em último lugar, será que os pluralistas estão prontos para aceitar como verdadeiras as crenças religiosas dos terroristas muçulmanos , especialmente quando essas crenças dizem que todos os não-muçulmanos (incluindo os pluralistas) devem ser mortos ? Estão prontos para aceitar como verdadeiras as crenças religiosas daqueles que acreditam no sacrifício de crianças ou na realização de outros atos hediondos ? Esperamos que não .
  Embora devamos respeitar os direitos que os outros têm de acreditarem na­quilo que quiserem, seremos tolos e, talvez , até não amorosos , se aceitarmos tacitamente todas as crenças religiosas como verdadeiras. Por que isso não seria amoroso ? Porque se o cristianismo é verdadeiro , então não seria amoroso sugerir a alguém que sua crença religiosa oposta também é verdadeira. Afirmar tal erro seria manter a outra pessoa no seu caminho rumo à destruição . Em vez disso, se o cristianismo é verdadeiro , devemos gentilmente lhes dizer a verdade , porque somente a verdade pode libertá-los. 

Paz e até.