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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Verdade versus tolerância

   E cá estou eu de volta. Durante muito tempo fiquei sem postar nada e, nesse período, confesso que pensei várias vezes em excluir esse blog. Mas acabava sempre deixando, deixando e deixando. Havia (e ainda há) sempre tantas coisas para fazer que eu acabava não postando nada. Mas hoje decidi vir aqui, mesmo com tantos afazeres. E como primeiro post depois de um longo período, quero trazer o trecho de um livro que estou lendo atualmente: "Não tenho fé suficiente para ser ateu". O trecho que trago tem como título: Verdade versus tolerância. Acho muito oportuno esse assunto, pois, nos dias atuais fala-se muito em tolerância, mas não no sentido de respeitar crenças opostas e sim no sentido de aceitar como verdadeiras todas as crenças. Bom, respeitar quem acredita em algo diferente é totalmente possível, mas acreditar que todos os sistemas de crença são verdadeiros...isso não é possível. Vejamos o que Norman Geisler e Frank Turek dizem a respeito:


Verdade versus tolerância

  "Enquanto a maioria das religiões tem algumas crenças que são verdadeiras, nem todas as crenças religiosas podem ser verdadeiras porque elas são mutuamente excludentes, ou seja, ensinam coisas opostas. Em outras palavras, algumas crenças religiosas devem estar erradas. Mas não é conveniente dizer isso no mundo atual. Você deve ser "tolerante" com todas as crenças religiosas. Em nossa cultura atual, a tolerância não significa mais suportar alguma coisa que você acha que é falsa (além do mais, você não tolera coisas com as quais concorda). Hoje em dia, tolerância significa aceitar que toda a crença é verdadeira! Em um contexto religioso, isso é conhecido como pluralismo religioso - a crença de que todas as religiões são verdadeiras. Existe um grande número de problemas com essa nova definição de tolerância.
   Em primeiro lugar, digamos que somos gratos por termos liberdade religiosa em nosso país e que não acreditamos na imposição legislativa e uma religião (consulte nosso livro Legislating Morality [Legislando sobre a moralidade]). Estamos bastante  conscientes dos perigos da intolerância religiosa e acreditamos que devemos respeitar as pessoas que têm diferentes crenças. Mas isso não significa que devamos abraçar pessoalmente a impossível noção de que todas as crenças religiosas sejam verdadeiras. Uma vez que crenças religiosas mutuamente excludentes não podem ser verdadeiras, não faz sentido fingir que sejam. O fato é que, no nível individual, pode ser muito perigoso fazer isso. Se o cristianismo é verdadeiro, então não ser cristão é arriscar seu destino eterno. Do mesmo modo, se o islã é verdadeiro, então é perigoso não ser muçulmano se o assunto é o seu destino final.
   Em segundo lugar, a afirmação de que "você não deve questionar as crenças religiosas de uma pessoa" é, ela própria, uma crença religiosa para o pluralista. Mas essa crença é apenas tão exclusiva e "intolerante" como qualquer outra crença religiosa de um cristão ou de um muçulmano. Em outras palavras , os pluralistas acham que as crenças não pluralistas estão erradas. Desse modo , os pluralistas são tão dogmáticos e possuem uma mente fechada tanto quanto qualquer outra pessoa que faz declarações em praça pública. Eles querem que todo mundo que discorda deles veja as coisas da maneira deles.
   Em terceiro lugar, a proibição contra o questionamento das crenças religiosas também é uma posição moral absoluta. Por que não devemos questionar as crenças religiosas? Seria imoral fazer isso? Se é, em quais padrões estamos nos baseando? Por acaso os moralistas têm alguma boa razão que apóie sua crença de que nós não devemos questionar suas crenças religiosas, ou é apenas sua opinião pessoal que querem impor sobre todos nós ? A não ser que eles possam nos dar boas razões para tal padrão moral , por que deveríamos permitir que o impusessem sobre nós ? E por que os pluralistas estão tentando impor essa posição moral sobre nós de qualquer maneira ? Isso não é muito " tolerante " da parte deles.
   Em quarto lugar, a Bíblia ordena aos cristãos que questionem as crenças religiosas (e.g., Dt 13.1-5; lJo 4.1; GI1.8; 2Co 11.13 etc.). Uma vez que os cristãos têm uma crença religiosa que diz que devem questionar as crenças religiosas, então os pluralistas - de acordo com seu próprio padrão - deveriam aceitar a crença cristã também . Mas, naturalmente , não fazem isso. Ironicamente, os pluralistas - defensores da nova tolerância - não são nem um pouco tolerantes. Eles apenas "toleram" aqueles com os quais já concordam, o que , por definição, não é tolerância .
   Em quinto lugar, a afirmação dos pluralistas de que não devemos questionar as crenças religiosas é um derivativo da falsa proibição cultural em relação a se fazer julgamentos. A proibição contra julgamentos é falsa porque ela não satisfaz o seu próprio padrão: "Você não deve julgar" é, em si mesmo , um julgamento! (Os pluralistas interpretam erradamente a ordem de Jesus quanto a não julgar, conforme apresentada em Mateus 7.1-5. Jesus não proibiu um julgamento como esse , mas sim o julgamento hipócrita.) O fato é que todo mundo - pluralistas, cristãos , ateus, agnósticos - faz julgamentos . Portanto , a questão não é se fazemos ou não julgamentos, mas se fazemos ou não o julgamento correto .
   Em último lugar, será que os pluralistas estão prontos para aceitar como verdadeiras as crenças religiosas dos terroristas muçulmanos , especialmente quando essas crenças dizem que todos os não-muçulmanos (incluindo os pluralistas) devem ser mortos ? Estão prontos para aceitar como verdadeiras as crenças religiosas daqueles que acreditam no sacrifício de crianças ou na realização de outros atos hediondos ? Esperamos que não .
  Embora devamos respeitar os direitos que os outros têm de acreditarem na­quilo que quiserem, seremos tolos e, talvez , até não amorosos , se aceitarmos tacitamente todas as crenças religiosas como verdadeiras. Por que isso não seria amoroso ? Porque se o cristianismo é verdadeiro , então não seria amoroso sugerir a alguém que sua crença religiosa oposta também é verdadeira. Afirmar tal erro seria manter a outra pessoa no seu caminho rumo à destruição . Em vez disso, se o cristianismo é verdadeiro , devemos gentilmente lhes dizer a verdade , porque somente a verdade pode libertá-los. 

Paz e até.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Apontamentos


   "O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; e, destarte, que a diversidade de nossas opiniões não provém do fato de serem uns mais racionais do que outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, tanto quanto das maiores virtudes, e os que só andam muito lentamente podem avançar muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que correm e dele se distanciam." (René Descartes)

    Li esse trecho de 'O Discurso do Método' (Os Pensadores) e achei muito interessante.               
    Primeiro, porque sempre pensamos ter bom senso suficiente e que não precisamos de mais nenhum estoque dele na nossa vida. 
    Segundo, não há pessoas mais ou menos racionais do que outras, há apenas considerações diferentes, pensamentos criados a partir de visões diferentes e que são considerados verdadeiros por quem os pensa. Uma mesma situação será sempre contada de modos diferentes por cada pessoa que o presenciou. Não sou relativista, mas o ser humano tem a tendência de sempre querer defender sua própria verdade.
    Terceiro, os pensamentos e ideias considerados errôneos não são fruto da incapacidade de raciocinar e nem sempre se deve a uma má intenção, pois mesmo pessoas cheias de boa intenção podem criar ideias 'tortas'. A boa intenção deve ser bem aplicada para que consiga produzir coisas boas. 
     Quarto, ninguém é tão perfeito que nunca erre. Mesmo as pessoas mais virtuosas podem acabar cometendo graves erros.
     Quinto, é melhor ter calma, paciência e perseverança, mas continuar seguindo em direção ao objetivo traçado, do que ter pressa e errar o alvo.


Até.
   

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O refúgio secreto

"Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do Senhor o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda" (Sl 91:9,10 - NVI).


   Antes de começar a ler o livro 'O Refúgio Secreto', pensava que o refúgio do título se tratasse apenas de um lugar físico. Havia sim, um lugar físico, porém quando, iniciei minha leitura, entendi que ia muito além disso. A história ,real, se passa na Holanda no período da Segunda Guerra Mundial, e conta a história de Corrie Ten Boom e sua família.
  Quando a Holanda foi invadida pelos nazistas e a 'solução final' (o extermínio dos judeus) de Hitler foi posta em prática, a família de Corrie começou a esconder pessoas, que deveriam ser deportadas, em sua casa. Uma atitude que representava grande risco para toda aquela família, mas que eles estavam dispostos a correr para ajudar o próximo. No início, eram pessoas conhecidas, mas, com o decorrer do tempo, estavam ajudando também pessoas que nunca tinham visto antes. Até que o esconderijo na velha casa de Corrie foi descoberto e ela, seus irmãos Betsie, Nollie, Willem, seu sobrinho Peter e seu velho pai (Casper de 84 anos) foram presos pela Gestapo (polícia secreta nazista). A ele foi oferecida a liberdade em troca de que não mais ajudasse nenhum judeu, mas ele garantiu que se fosse solto não deixaria de ajudar a quem precisasse. Casper morreu pouco tempo depois na prisão.
   Corrie foi espancada, humilhada, separada de sua família, de sua irmã Betsie que era também sua melhor amiga e passou quatro meses trancafiada em uma solitária, tendo por companheiros os 4 Evangelhos que conseguira esconder. 
   Mais tarde, Corrie e Betsie estiveram em dois campos de concentração. No segundo campo para o qual foram levadas (Ravensbrück), reuniam-se todas as noites para lerem a Bíblia com um pequeno grupo de mulheres que se tornava cada vez maior. Betsie agradecia a Deus pelas pulgas, enquanto Corrie não via motivo em agradecer por isso, até que entendeu que o motivo dos guardas não incomodarem suas reuniões de leitura da Palavra eram as benditas pulgas, e também agradeceu a Deus por elas.
   Betsie morreu no campo de concentração, e Corrie foi libertada e pôde voltar para seu país depois de anos de sofrimento. 
   Uma das coisas que mais me chamaram a atenção nessa história, foi a capacidade de amar que o coração de Corrie conseguiu adquirir. Depois do fim da guerra, ela criou um centro de ajuda aos sobreviventes da guerra, mas a ajuda também se destinava aos que apoiando o governo nazista, tinham traído seu país e seus irmãos e que se encontravam desamparados com a derrocada alemã, visto que ninguém que tinha sofrido com os horrores da guerra queria ajudar quem tivesse apoiado um governo tão cruel. Todavia, diferente da maioria das pessoas, a dor, a perda e os sofrimentos não encheram o coração de Corrie de rancor e ódio. Aprendera que "Não há cova tão profunda que o amor de Deus não possa chegar a ele". E o amor de Deus a alcançou de forma tão profunda que, ao encontrar-se com um dos guardas mais cruéis do campo Ravensbrück, perdoou-o.
   O refúgio secreto que permitiu a Corrie manter seu coração perfeito diante de Deus mesmo depois de tanta dor, foi o próprio Deus. Por que ela se refugiou em Deus, seu coração não foi destruído pelo mal.
   
   Lições que podemos aprender com esse livro:

  1. Quem se abriga em Deus, não é destruído pelo mal. Mesmo que estejamos mergulhado num mar de dor, podemos encontrar nEle um lugar seguro onde nosso coração é preservado pelo próprio Deus: "Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade (Sl 46:1 - NVI) ;
  2. É possível amar a quem nos faz mal e deixar o amor de Deus falar mais alto a fim de nos tornarmos livres de toda amargura: "Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem" (Mt 5:44 - NVI);
  3. Independente da situação que estejamos enfrentando sempre podemos ser um instrumento que leve a Palavra e o amor de Deus aos necessitados: "Tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensem bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem desanimem" (Hb 12:2,3 - NVI);
  4. Toda dor e sofrimento terrenos são apenas temporários. Se comparados com o que Deus tem preparado para nós, elas se tornam leves: "Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada" (Rm 8:18 - NVI);
  5. Nada, por pior que seja, tem poder suficiente para nos separar de Cristo: "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Pois estou convencido de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem demônios, nem o presente, nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 8:35, 38, 39 - NVI).
     Corrie faleceu em 15 de abril de 1983 e ajudou a salvar mais de 800 pessoas.


   


Fiquem na paz e até.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Na contramão

   Ontem foi dia do leitor e por isso vou começar essa postagem falando de um livro que li recentemente: "1984", de George Orwell. Há muito tempo que vinha querendo lê-lo, até cheguei a ler em um blog que esse era um daqueles livros que você precisa ler antes de morrer. E isso só fazia aumentar minha vontade de devorar suas páginas. Finalmente consegui, e não me decepcionei (chato quando acontece de você criar expectativa por algo e não ser tão bom assim), o livro é realmente espetacular. Um dos melhores que já li.
   A história se passa em uma sociedade regida por uma ditadura política representada e liderada pelo Grande Irmão (Big Brother). O Partido controla tudo, até o pensamento das pessoas com a ajuda da Polícia do Pensamento que é encarregada de investigar qualquer gesto suspeito. As pessoas são vigiadas mesmo dentro de suas casas, através das tele-telas, que, além de transmitirem imagens o tempo todo, também as captura. Ou seja uma vigilância constante. A lavagem cerebral também é uma das ferramentas usadas para se exercer o domínio. Quando tem lugar o momento do ódio, as pessoas se reúnem em frente às tele-telas e ali houvem palavras que incitem o ódio àquele que representa a oposição, e o amor ao Grande Irmão. As pessoas amam ou odeiam de acordo com o que o Governo dita. Pensar diferente é crime punido com a morte. 
   As informações são constantemente manipuladas a fim de que o Partido esteja sempre certo. Os livros foram revisados e as ideias contidas neles reestruturadas de acordo com o pensamento do Ingsoc (Socialismo Inglês - forma de governo atuante). O país é constantemente bombardeado, e fazem de tudo para incutir na mente das pessoas que o Grande Irmão trouxe uma era muito melhor que a que viviam outrora. As mentiras são transformadas em verdades e cridas como tal. A guerra, o medo, a insegurança, são usados para manter total controle. 
   Os únicos que gozam certa liberdade são os proles, mas são ignorantes demais para tentarem uma revolução. Para eles está tudo bem como está. Enfim, um livro que se aproxima muito da nossa realidade atual.
   Somos manipulados o tempo todo, e nem nos damos conta disso. Gostamos do que a mídia nos manda gostar. Odiamos ou amamos sem ter nenhum fundamento sólido para explicar o ódio ou o amor, só porque alguém nos disse que é assim que devemos agir. Idolatramos pessoas, coisas, atitudes sem saber bem o porquê disso tudo. Não interessa, é moda, "tá todo mundo fazendo" e seguimos a onda.
   Isso me faz lembrar do filme "A Origem", quando o personagem do Leonardo DiCaprio explica que se uma ideia for plantada bem fundo no inconsciente de alguém, essa pessoa pensará que a ideia foi dela, quando, na verdade, houve uma sugestão, uma sementinha que germinou. Achamos que pensamos por nós mesmos, mas, na maioria das vezes, não é bem assim.
   Você já se perguntou se realmente precisa comprar aquela marca de roupas ou de sapatos ou se só está querendo se igualar (ou destacar-se, sei lá)? Já tentou entender porque cada vez mais pessoas se sentem fora dos padrões e fazem dietas loucas e cirurgias para tentar se encaixar em moldes pré-estabelecidos, mesmo colocando sua saúde em risco?
  É claro que nem toda influência é ruim. Uma boa influência de um professor sobre um aluno, dos pais sobre os filhos, dos amigos que amamos e admiramos é sempre bem vinda, mas não podemos abrir mão da liberdade de pensar por nós mesmos. O problema é que não somos educados para o livre pensar, para o questionamento (até de si mesmo), para argumentar e duvidar, para encontrar nossas próprias respostas às grandes questões, ao invés de recebermos tudo passivamente.
   Até mesmo alguns de nós cristãos, valorizam muito a emoção em detrimento da razão. Para alguns parece que pensar é pecado, mas o cérebro não foi colocado na nossa caixa craniana por acaso. Não estou, com isso, dispensando o emocional, o que quero dizer é que somos seres completos: emocionais, mas também racionais. Racionais, mas também espirituais.
   Não precisamos nos enquadrar nos moldes ditados pelo sistema que rege o mundo. Ser diferente é bom, fazer a diferença melhor ainda. Não é porque todo mundo pratica algo que temos que praticar também.  Bem disse Paulo: "Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Rm 12:2 - NVI)
   Uma mente renovada em Cristo é capaz de experimentar e comprovar o quanto a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. É um olhar diferenciado que se adquire. É uma certeza que se alcança e que vai além de circunstâncias exteriores, pois se baseia no caráter do próprio Deus.

Paz e até.

PS: Se você se interessou pelo livro, segue um link para baixar em pdf. 
http://portugues.free-ebooks.net/ebook/1984/pdf?dl&preview

domingo, 15 de dezembro de 2013

Marcas de amor

   Uma das coisas das quais mais gosto é de ler. Um dos livros que li em 2013 foi "As cinco pessoas que você encontra no céu" de Mitch Albom. Não é um livro religioso, trata-se da história de um simples mecânico de parque de diversões chamado Eddie que, ao morrer, encontra-se com cinco pessoas que passaram pela sua vida. Ele, que sempre se achou uma pessoa extremamente comum e um belo de um fracassado, vai aprender que ninguém passa em branco nessa vida. Ele foi marcado e também deixou marcas em outras pessoas.
  A parte que mais chamou minha atenção nesse livro foi o encontro de Eddie com o próprio pai. É quando Mitch Albom fala sobre as marcas inevitavelmente deixadas pelos pais nos filhos. Albom compara a vida dos filhos ao vidro novo, que absorve as manchas de quem o manipula. 
   Acho esse trecho interessante porque a família é, via de regra, aqueles que mais deixam marcas na nossa vida. Não fomos criados para o isolamento, somos seres sociais e o primeiro ambiente no qual experimentamos o convívio com o outro é com a nossa família. 
   Mas, infelizmente, as marcas deixadas pela família nem sempre são tão boas. Há o pai que abandona, a mãe que não demonstra amor (porque amor precisa ser evidenciado). Enfim, há famílias desestruturadas e desfuncionais. E isso também deixará suas marcas. No entanto, mesmo assim, podemos sempre contar com o amor do Pai das Luzes, do nosso Aba Pai: "Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa esquecê-lo, eu não me esquecerei de você!" (Is 49:15).
   A maioria promete a si mesmo que não cometerá os mesmos erros que seus pais cometeram. Até que, ao termos nossos próprios filhos, num belo dia nos surpreendemos tomando atitudes no mínimo parecidas e as quais reprovamos a vida toda. Os compromissos, a falta de tempo, o estresse do dia a dia, as contas a pagar, nossa! tantas coisas que, quando é que sobra tempo pra poder fazer diferente e investir um tempo de qualidade com os filhos?
   A Palavra de Deus nos mostra a importância que Deus dá à infância. Moisés, à beira do Jordão, dando seus últimos conselhos antes de morrer, instrui os pais a ensinarem os filhos a temerem ao Senhor e a guardarem seus mandamentos: "Gravem estas minhas palavras no coração e na mente; amarrem-nas como sinal nas mãos e prendam-nas na testa. Ensinem-nas a seus filhos, conversando a respeito delas quando estiverem andando pelo caminho, quando se deitarem e quando se levantarem. Escrevam-nas nos batentes das portas de suas casas, e nos seus portões, para que, na terra que o Senhor jurou que daria aos seus antepassados, os seus dias e os dias dos seus filhos sejam muitos, sejam tantos como os dias durante os quais o céu está acima da terra." (Dt 11:18-21).
   Nesse texto fica claro que se deve aproveitar cada oportunidade para ensinar os filhos. Isso não é fácil, exige esforço, mas o versículo 21 traz a promessa de bênção para a vida desses filhos que foram orientados pelos pais.
   Jesus, em meio a tantos compromissos, teve tempo para as crianças:"Depois trouxeram crianças a Jesus, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Mas os discípulos os repreendiam. 
   Então disse Jesus: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas". Depois de lhes impor as mãos, partiu dali. (Mt 19:13-15).
   Os discípulos quiseram impedir as pessoas de levarem seus filhos a Jesus. Eles não estavam mal intencionados, o pensamento deles talvez fosse o de muitos: crianças atrapalham; fazem muita bagunça; muito barulho; ah, são só crianças, encontrar-se com Jesus é coisa séria, só pra adultos. Mas Jesus mostrou a eles que o Reino dos céus pertence a elas.
   Muitos pais agem, inconscientemente, como os discípulos e não se empenham em levar seus pequenos a Cristo. Pensam que são pequenos demais e que não fará diferença e esperam que cresçam para depois se dar conta de que perderam um tempo precioso. Jesus deixou claro que os pequenos devem ser levados a Ele, que elas também precisam ter um encontro com o Salvador tanto quanto qualquer outra pessoa.
   Ao ensinar acerca do maior no Reino dos céus, é uma criança que Jesus usa como exemplo: "Naquele momento os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: "Quem é o maior no Reino dos céus?" 
   Chamando a si uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto quem se faz humilde como esta criança, esta é o maior no Reino dos céus." (Mt 18:1-4).
   Até o século XVIII, a criança era vista como um adulto em miniatura. Rousseau trouxe uma nova percepção acerca da infância ao entendê-la como o lugar da criança, e que deve ter suas etapas respeitadas para seu bom desenvolvimento, passando pela adolescência até chegar à idade adulta.Freud, o pai da psicanálise, ao estudar o impacto das vivências na infância sobre a vida adulta, acreditou que suas descobertas pudessem gerar, no futuro, adultos menos neuróticos e problemáticos.Muitos estudos e grandes homens estudaram a criança, como Piaget, que estudou como se dava o processo de desenvolvimento da inteligência e Vigotsky que tratou da importância da interação social nesse processo, para chegarem à conclusão de que a infância é extremamente importante.
    Mas, na vida cotidiana, muitas das vezes são os desenhos animados, a mídia, as músicas, os atores e atrizes de Hollywood, os jogos,e outras tantas coisas que acabam sendo os grandes influenciadores das nossas crianças. Os pais, às vezes se perdem em afazeres, compromissos, preocupados em poder dar aos filhos boas condições materiais se esquecem do mais importante: o amor, o carinho, a educação (aquela do respeito ao próximo, do bom dia, do obrigado, do por favor). 
    Lembro-me de um pai famoso que contou em uma entrevista que tinha dado um presente caro para o filho, mas que o filho falou pra ele que preferia ter ganhado uma bala. Crianças são assim, simples. Nós é que as tornamos consumistas, nós é que nos preocupamos com coisas caras e, muitas vezes, sem utilidade e que serão esquecidas logo.
   Como cristãos temos uma dupla responsabilidade. levar nossos filhos a Cristo e ensinar-lhes bons valores. Encare essa como sua maior responsabilidade, encare como um ministério do qual você foi encarregado e zele pela bênção que é ser mãe e pai.
"Se alguém não cuida dos seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior do um descrente." (I Tm 5:8).
Paz e até.



   
   

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Libertos para ser livres

"Estais, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão."
(Gl 5:1)

   O livro "O Nome da Rosa" de Umberto Eco relata uma história passada numa abadia no Norte da Itália no século XIV, onde crimes misteriosos são investigados por um Franciscano (Guilherme de Backersville) que usava a razão e a observação para chegar à verdade das coisas.
   Fica evidente no livro uma característica bem marcante da Idade Média (conhecida por alguns como a Idade das Trevas): a Igreja era detentora do conhecimento. O pensamento tinha que ser o da Igreja. Os que pensavam diferente eram acusados de heresia e perseguidos, julgados e condenados pela Inquisição.
  A biblioteca da abadia possuía mistérios criados e alimentados por aqueles que não queriam que o conhecimento trancafiado nela se tornasse público. Toda a história vai se desenrolar em torno dessa biblioteca e dos livros lá contidos. O monopólio do saber mantinha a ordem vigente e garantiam o poder da igreja e de seus líderes, que, assim controlavam o povo a seu bel prazer. O poder político e religioso concentrados numa mesma mão, mantinham a ignorância e o clima de medo de pensar diferente.
   Um livro bastante interessante, eu achei, e que me levou a fazer comparações com os dias atuais. Embora a verdade não esteja trancafiada em espaços físicos, há um número incrível de pessoas dentro das igrejas que não conhecem o poder libertador do sacrifício vicário de Jesus a nosso favor.
   Jesus disse: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (Jo 8:32), todavia há um conformismo com as meias verdades (o que, para mim, é uma mentira inteira) e com mentiras disfarçadas de verdade. Preferimos nos deixar manipular ao invés de buscarmos a verdade contida nas Escrituras Sagradas. E, com isso, vamos depositando nossa fé em "artifícios mágicos", em "campanhas e mais campanhas", criando uma coisificação da fé e um ambiente puramente místico no meio evangélico.
   Preferimos receber aquilo que nos é apresentado já pronto diante de nós do que nos debruçarmos sobre a Palavra e entender que nem Deus nos manipula; que em Cristo somos livres para pensar, agir e viver; que o poder está em Deus e não nos objetos; que é Deus quem faz milagres e não o homem.
   A Bíblia nos alerta que a falta de conhecimento destrói (Os 4:6) e que a falta de conhecimento produz o erro (Mc 12:24).
   As maldições, os castigos divinos, as doenças (como se seres humanos não adoecessem), o medo das perseguições dos demônios, são algumas das falácias usadas para manipular as massas.Uma coisa meio ditatorial, penso eu, pois acaba-se por controlar e aprisionar o outro dentro dele mesmo, tornando o medo o carcereiro do que está aprisionado. 
   E o que é ser livre? Ser livre é ter autonomia de pensamento, atitudes, vontades. Cristo nos convida a viver uma vida livre do domínio do pecado, do jugo da servidão (Mt 11:28-30). E, se fomos libertos nEle, porque nos tornar a meter debaixo de qualquer jugo de servidão? 
   Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude a viver a liberdade que há em Cristo Jesus.


Paz e até.