O capítulo 33 de Êxodo começa com Deus dizendo a Moisés que não iria no meio do povo, antes enviaria um anjo:"Disse mais o Senhor a Moisés: Vai, sobe daqui, tu e o povo que fizeste subir da terra do Egito, à terra que jurei a Abraão, a Isaque, e a Jacó dizendo: À tua semente a dareis. E enviarei um anjo diante de ti, e (lançarei fora os cananeus, e os amorreus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus)" (Êx 33:1,2) . Isso aconteceu logo após o povo ter erigido um bezerro de ouro enquanto Moisés estava no Monte Sinai recebendo a Lei. Cansados de esperar pelo retorno de Moisés, erigiram um ídolo que substituísse o Deus de Israel.
É interessante notar que o texto deixa claro que Moisés gozava de muita intimidade com Deus: "E falava o Senhor a Moisés cara a cara, como qualquer fala com o seu amigo" (Êx 33:11b). Mas mesmo gozando de tamanha intimidade, Moisés não abre mão da presença de Deus no meio do povo. Ele usa alguns argumentos que se encontram nos versículos 12 e 13 do capítulo 33: "E Moisés disse ao Senhor: Eis que tu me dizes: Faze subir a este povo; porém não me fazes saber a quem hás de enviar comigo; e tu disseste; Conheço-te por nome, também achaste graça aos meus olhos. Agora pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que agora me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos e atenta que esta nação é teu povo".
- O Senhor me mandou liderar o povo (Êx 33:12);
- O Senhor disse que me conhece por nome (Êx 33:12);
- O Senhor disse que achei graça aos teus olhos (Êx 33:12);
- Logo, se achei graça aos teus olhos quero saber o teu caminho (saber a tua vontade) e conhecer-te-ei (Êx 33:13);
- Atenta que o povo que estou liderando é teu (Êx 33:13).
Moisés já havia obtido a promessa da presença de Deus com ele e com o povo, mas, mesmo assim, ele não se contenta. Ele roga a deus que lhe mostre a sua glória:"Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória" (Êx 33:18). Havia em Moisés um desejo sempre crescente por mais de Deus, uma espiritualidade sempre crescente. O relacionamento com Deus não é algo estático, parado, pode sempre crescer mais em intimidade, comunhão, amor. Moisés queria sempre mais de Deus.
O pedido de Moisés para que Deus lhe mostre a sua glória foi atendido por Deus: "Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e apregoarei o nome do Senhor diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. e me compadecerei de quem me compadecer." (Êx 33:19). Deus saciou o desejo de Moisés por mais dele. Deus está pronto a saciar o nosso desejo por mais dele, pois esse é o fim principal do homem: glorificar a Deus e gozá-lo para sempre (Breve Catecismo de Westminster - Pergunta 1 - ref: Rm 11:36; I Co 10:31; Sl 73:25-26; Is 43:7; Rm 14:7,8; Ef 1:5-6; Is 60:21; 61:3).
Quando Moisés novamente sobe ao Monte Sinai por ordem do Senhor para receber as novas tábuas contendo os dez mandamentos, ao descer a pele do seu rosto resplandecia: "Quando desceu Moisés do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas do Testemunho, sim, quando desceu do monte, não sabia Moisés que a pele do seu rosto resplandecia, depois de haver Deus falado com ele" (Êx 34:29). Moisés vivia uma espiritualidade sempre crescente, sempre indo mais profundo no relacionamento com Deus. A sua relação com Deus emanava pelo reflexo da glória de Deus em sua face. E é maravilhoso saber que em Jesus podemos gozar de glória ainda maior: "E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente, como não será de maior glória o ministério do Espírito!" (II Co 3:7,8).
Podemos gozar sempre mais e mais da poderosa presença de Deus nas nossas vidas, podemos viver uma espiritualidade crescente (embora isso não signifique isenção de momentos de fraqueza ou abatimento), podemos gozar de uma glória que não é desvanecente, pois estamos vivendo o "estágio final do plano de Deus para os tempos: a era da nova aliança" (Bíblia Genebra).
Que o Deus que opera tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2:13), nos leve a desejar ardentemente cada vez mais dele!
Paz e até.